Por: ANDRÉ MONTEIRO da Folha Online
A Polícia Civil de São Paulo apreendeu 60 kg de carne de cachorro e gato no matadouro clandestino descoberto na manhã desta quinta-feira no bairro Miguel Badra, na cidade de Suzano, na Grande São Paulo.
Segundo o delegado Anderson Pires Gianpaoli, da 2ª Delegacia de Saúde Pública do DPPC (Departamento de Polícia e Proteção à Cidadania), o casal preso por abater os animais recolhia sua matéria-prima das ruas havia três anos. Eles atraíam os bichos com pedaços de carne e ossos, aguardavam um período de engorda, e os matavam a machadadas.
Reprodução - Pedaço de carne de cachorro apreendida em matadouro de Suzano (Grande São Paulo)
O corpo, então, era recortado em pedaços, que ficavam armazenados em refrigeradores. A pele e os pelos dos animais, assim como pedaços da carcaça, eram queimados com maçarico. Segundo o delegado, eles faziam isso para evitar deixar vestígios do abatimento.
A carne era vendida por preços entre R$ 180 e 220 a carcaça já limpa. Eles só abatiam sob encomenda, mas a polícia afirma que eram comercializados cerca de dez animais por semana. Segundo o delegado, como a carne não tinha procedência, poderia estar contaminada.
No matadouro, os policiais encontraram três cachorros vivos, que não aguardavam o abate. Eles estavam vacinados e eram de estimação do casal.
Bom Retiro
Também foram presos nesta quinta quatro coreanos responsáveis por dois restaurantes do bairro Bom Retiro, na região central de São Paulo, onde a polícia afirma que a carne era vendida.
Nos locais foram apreendidos pedaços de carne que ainda vão passar por perícia para apontar se são de cachorros ou gatos. A polícia encontrou documentos e agendas em que consta o telefone do casal de Suzano.
Em um dos restaurantes foram apreendidos cardápios com imagens de cachorro com a legenda "quem sabe, sabe" em coreano.
Todos os envolvidos serão indiciados por maus-tratos contra animais, crime de relação de consumo e formação de quadrilha. Segundo o delegado, se condenados, a pena pelos crimes pode variar entre 2 a 10 anos.
Leonardo Wen/Folha Imagem - Fiscais da Coordenação de Vigilância Sanitária recolhem amostras de carne em restaurante coreano do Bom Retiro, no centro de SP
"Eu poderia fazer uma comparação com a legislação da Holanda, que permite, por exemplo, o consumo de entorpecentes. O fato de um holandês vir pra cá não o possibilita de comprar entorpecentes para consumir. Se no país oriental de onde estes estrangeiros vieram isso é permitido, obviamente eles não podem, ao mando desta cultura, querer no nosso país praticar este tipo de crueldade e consumir este tipo de carne", disse o Gianpaoli.
Extradição
A polícia recebeu uma denúncia relacionada ao crime há cerca de um mês. Agentes se infiltraram na comunidade oriental do Bom Retiro até descobrirem o matadouro. "O mais importante era descobrir quem eram os promotores da matança", disse o delegado.
No fim da tarde, o deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP) enviou ofício ao ministro da Justiça, Tarso Genro, solicitando informações sobre a situação jurídica dos coreanos presos. O deputado disse que, caso estejam irregulares no país, poderá pedir formalmente a extradição.
Todos os presos, que negam envolvimento com os crimes, serão encaminhados ao CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros. Os advogados dos suspeitos não quiseram se pronunciar.
Em 1996, a polícia de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, prendeu um brasileiro e um coreano acusados de matar cães e vender a carne para três restaurantes do Brás, na região central de São Paulo. Na época, eles afirmaram que cobravam R$ 30 por animal limpo.
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