quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Maceio/AL - Integrantes do Neafa protestam à porta de circo no Farol

Eles alegam que animais, a exemplo de uma elefanta de 60 anos, estão sendo maltratados por criadores; circo rebate: 'Há uma relação de amor'

Gazetaweb - com reportagem de Janaína Ribeiro e Bruno Soriano

Pessoas protestam contra uso de animais em circo (Foto: Janaina Ribeiro)
Pessoas protestam contra uso de animais em circo (Foto: Janaina Ribeiro)
Dezenas de pessoas ligadas ao Núcleo de Educação Ambiental Francisco de Assis (Neafa) realizaram, na tarde desta quarta-feira, protesto à porta do Circo Estoril, que está instalado ao lado de um hipermercado no bairro da Gruta, em Maceió, onde realiza apresentações artísticas. O motivo do ato, segundo os manifestantes, foi o fato de os responsáveis pelo circo maltratarem os animais utilizados nas apresentações, o que, recorda o Neafa, motivou o Ministério Público da Bahia a mover uma ação contra os artistas.

"No início deste mês de janeiro, eles acabaram proibidos de utilizarem animais depois que uma reportagem exibida no Fantástico, da Rede Globo, denunciou os maus tratos a uma elefanta de 60 anos de idade. E este mesmo animal está aqui em Maceió", comentou Ângela Seabra, diretora do Neafa, acrescentando ainda não ter conseguido obter uma resposta por parte dos responsáveis pelo circo.

"Eles nunca irão admitir a forma como cuidam dos animais. Eles são mal alimentados e submetidos à agressão quando não fazem um movimento correto. Também é preciso que a gente chame atenção para os riscos à saúde pública que esses bichos podem representar, uma vez que ninguém fiscaliza se eles possuem acompanhamento veterinário. É muito mais fácil explorar um animal, que é irracional, a ter de preparar homens para apresentações artísticas. É muito menos custoso, porque não se precisa assinar uma carteira de trabalho", emendou.

Seabra ainda denuncia que muitos animais, quando não mais servem aos circo, são simplesmente abandonados em rodovias do país. Recentemente, recorda ela, um urso foi deixado, dentro de uma jaula, à beira de uma rodovia no interior do Ceará. "Isso quando eles não são cedidos para zoológicos, para permanecerem enclausurados e distantes de seu habitat natural, ou para laboratórios, onde servem de cobaias a experimentos diversos", complementou a veterinária.

Contudo, a reportagem da Gazetaweb conseguiu contato com funcionários do circo, que negaram as denúncias. De acordo o trapezista Ricardo Alves, somente à elefanta, um caminhão com frutas é deslocado ao circo para alimentá-la diariamente. "Realmente não dispomos de veterinário, mas contratamos um profissional em cada cidade onde nos instalamos, a fim de que ele acompanhe o dia a dia de cada animal. Se nossos animais fossem mal tratados, eles não seriam tão dóceis, inclusive fora da apresentação, quando visitados por várias crianças, a pedido dos pais das mesmas", explicou.

Já de acordo com o palhaço Sérgio dos Santos, a pessoa responsável pelos cuidados dispensados à elefanta convive com o animal desde os seis anos de idade. "Ela foi criada entre nós, desde os três anos de idade, com muito carinho. A relação entre animal e tratadora é uma relação de amor. A elefanta é como se fosse um membro da família", salientou.

Mas as explicações não convenceram o Neafa. De acordo com Ângela Seabra, o Núcleo já solicitou uma reunião com representantes do Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Instituto do Meio Ambiente (IMA), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e Assembléia Legislativa do Estado (ALE), para que uma representação conjunta seja proposta, de modo que se conceba um Projeto de Lei com o objetivo de impedir circos com animais de se apresentarem em Alagoas.


Fonte: http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=194587

Nenhum comentário:

Postar um comentário