Recentemente, o AviSite publicou matéria em que chamou a atenção para o decréscimo no consumo per capita norte-americano de alguns alimentos de origem animal (essencialmente, carnes e ovos), um processo desencadeado antes da eclosão da crise econômica no país e que, portanto, pode não ter muito a ver com as dificuldades financeiras dos consumidores (vide “Consumo de carnes e ovos permanece em queda nos EUA”). Pois um estudo da Universidade Estadual do Kansas talvez ajude a explicar, ao menos em parte, o porquê dessa queda de consumo.
Publicado em setembro passado, o estudo partiu do princípio de que os consumidores estão cada vez mais interessados (e preocupados) em conhecer as técnicas adotadas na moderna produção de alimentos. E um dos procedimentos que mais têm sido questionados no país é o que diz respeito ao tratamento dado aos animais criados industrialmente para a produção de leite, carnes e ovos.
Através da pesquisa – na qual foram analisadas informações sobre bem-estar animal levadas ao consumidor, por jornais e revistas, entre 1982 e 2008 – concluiu-se que o noticiário e as informações do gênero não interferiram tanto na demanda de carne bovina, mas tiveram efeito visível na demanda das carnes suína e de frango.
As análises realizadas também sugerem que os efeitos do noticiário sobre o consumo são mais intensos no trimestre em que são divulgados, mas se estendem também pelo trimestre seguinte – algo que o mundo avícola experimentou “na carne” durante o episódio de 2006 da Influenza Aviária.
As principais conclusões são as de que:
1 – A cobertura da mídia sobre questões relacionadas ao bem-estar animal teve, no geral, impacto negativo sobre a demanda de carnes;
2 – Os efeitos mais diretos sobre o consumo recaíram na demanda de aves e suínos;
3 – A maior atenção da mídia para o bem-estar animal está levando o consumidor a preferir alimentos não-cárneos. Ou seja: se, por exemplo, as informações tratam do bem-estar das aves, cai, generalizadamente, a demanda das três carnes, não há substituição por uma carne concorrente.
Obviamente, o estudo apenas levanta um dos possíveis pontos críticos capazes de, no decorrer do tempo, interferir cada vez mais na demanda dos alimentos de origem animal. O importante – dizem os autores do estudo – é que o setor produtivo reconheça o impacto negativo dessa questão sobre o consumo e atue para melhorar suas práticas de produção, respondendo efetivamente à pressão social.
Clique aqui para acessar boletim da Kansas State University que trata de estudo a respeito das influências da cobertura da mídia nas questões de bem-estar animal sobre a demanda norte-americana de carnes.
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