30-Mar-2011
Fotos: AFP/Roslam Rahman
Esfomeados, feridos, separados dos donos, centenas de animais domésticos vagueiam pela paisagem desolada do nordeste do Japão, a mais fortemente atingida pelo sismo, seguido de tsunami, do dia 11 de Março. Entre as várias equipas de resgate e socorro que chegaram ao país vindos de várias partes do mundo, algumas dedicam-se exclusivamente a salvar cães e gatos. “Nas áreas mais afectadas, não encontrámos qualquer sinal de vida animal”, disse, à AFP, Ashley Fruno, da associação PETA. “Em alguns locais, vimos pegadas na lama, mas estas não nos conduziram a lado nenhum, não encontrámos qualquer animal”.
Contudo, pouco a pouco, começam a surgir junto das casas atingidas pela catástrofe cães e gatos que conseguiram escapar às ondas gigantes. Muitas pessoas abandonaram os seus animais de companhia assim que soou o alarme de tsunami, o que os obrigou a sobreviver num ambiente extremamente hostil, sem água nem comida.
A organização Japan Earthquake Animal Rescue and Support (JEARS), uma coligação de associações de defesa dos animais logo após a catástrofe, passou as duas últimas semanas no terreno, à procura desses animais desprotegidos. As suas equipas, que integram médicos veterinários voluntários, fornecem alimentos e cuidados médicos aos animais feridos e tentam arranjar um abrigo para aqueles que perderam os donos. Também visitam os centros de refugiados, onde nem sempre os animais são bem-vindos.
“Houve problemas em alguns refúgios entre pessoas que têm animais e aquelas que não têm”, explicou o médico veterinário Kazumasu Sasaki. “É compreensível. Há pessoas que são alérgicas aos cães e outras que se queixam de que eles estão sempre a ladrar”. Isabella Gallaon-Aoki, coordenadora do JEARS, acrescentou que estes acontecimentos fizeram com que muitas pessoas preferissem ficar nas suas casas em ruínas com os seus animais.
Tomo Takazawa, que sobreviveu ao tsunami juntamente com o marido, recusou deixar o seu cachorro à porta do refúgio de Sendai, onde muitos outros sobreviventes se queixaram da presença do animal. “Quando fugimos, a única coisa que trouxe comigo foi Momo”, conta a mulher, de 65 anos. “Não consigo imaginar a minha vida sem ela”.
Apesar da dimensão da tragédia que se abateu sobre o Japão, tem havido algumas boas notícias. A Tashirojima, na província de Miyagi, mais conhecida por “Ilha dos Gatos”, devido aos inúmeros felinos que ali vivem, não foi tocada pelas ondas gigantes.
http://www.jn.pt/blogs/osbichos/archive/2011/03/29/centenas-de-c-227-es-e-gatos-vagueiam-perdidos-no-nordeste-do-jap-227-o.aspx
Nenhum comentário:
Postar um comentário