terça-feira, 8 de junho de 2010

Botos são alvo de matadores de aluguel na Amazônia

Noticias - ANIMAIS - BRASIL
08-Jun-2010

A carne do animal, que faz parte do folclore da região, serve de isca para a pesca da Piracatinga, muito apreciada na Colômbia e nos Estados Unidos.

Animais que deveriam ser preservados são alvo de pessoas contratadas para matar. O crime encomendado virou comércio na Amazônia e atravessa fronteiras.

O produto de exportação envergonha o Brasil.

Um dos pescadores da Amazônia, que prefere não se identificar, diz que deixou a profissão para se tornar matador de botos.
“Matamos cerca de 100 ou 200 botos por mês. A matança é muita. Puxamos o animal para dentro da canoa e matamos com facão, cassetete, essas coisas”, diz ele.

Segundo o matador, quem contrata o serviço, busca o comércio de órgãos do animal, como olhos e partes reprodutivas.

A carne do animal também serve de isca para a pesca da Piracatinga.

O peixe, também chamado de urubu d’água por se alimentar da carne de animais mortos, é pouco conhecido na culinária brasileira, mas muito apreciado na Colômbia.

A preocupação com os botos da Amazônia levou o pesquisador português do Programa Botos no Pará, Antônio Migueis, a investigar o comércio do urubu d’água.

“O peixe vai para a Colômbia e para os Estados Unidos onde é usado como aperitivo em restaurantes”, explica Antônio.

A pesquisa do Intituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Vera da Silva, é especialista em botos. Há 17 anos, ela e sua equipe estudam e contam os animais da região de Mamirauá, na Amazônia.

“Temos percebido que cada vez mais há uma diminuição do número de botos na área. A causa é a captura direta, que é o maior perigo que a espécie enfrenta”, afirma a pesquisadora.

Até agora se acreditava que os matadores de boto agiam mais na região oeste do Amazonas, perto do maior mercado consumidor de Piracatinga: a Colômbia. Lá, fica Mamirauá, onde a diminuição do numero de botos já foi confirmada.

Mas denúncias do pesquisador português Antônio Migueis mostram que os matadores chegaram a oeste do Pará, na região de Santarém.
"O boto sempre foi considerado importante para o folclore e para a cultura da região e agora ele está sendo utilizado como isca, como nada. Isso, para nós, é algo triste", lamenta a pesquisadora Vera.

A legislação brasileira é clara. Matar botos é crime e pode levar a até dois anos de detenção.

http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2010/06/botos-sao-alvo-de-matadores-de-aluguel-na-amazonia.html

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