sábado, 5 de junho de 2010

Jumento – o explorado e injustiçado

Noticias - ANIMAIS - BRASIL
05-Jun-2010
Por Geuza Leitão
Fonte: Blog da Janga

Os jumentos estão entre os primeiros animais domesticados pelo homem, originariamente eram animais do deserto e viviam em estado de selvagens. A palavra jumento, tradução do vocábulo latino “jumentu”, designa um mamífero do ramo dos vertebrados, da sub-ordem dos perissodactilos, do gênero Equus, do sub gênero Equus asinus, difundido no mundo, utilizado desde os tempos remotos como animal de tração, de carga e transporte do homem. É um animal fecundo entre si, podendo gerar produtos híbridos como os eqüinos, todos infecundos, salvo algumas fêmeas que podem reproduzir.

O burro ou mulo são animais híbridos do cruzamento do jumento com a égua, ou do cavalo com a jumenta. O filho do jumento com a égua é o burro, mu, mulo. Da jumenta com o cavalo é o bardoto. Na linguagem comum, ambos são chamados de burro.

No Brasil, especialmente no nordeste existem inúmeras denominações e apelidos para os jumentos, tais como: Jegue, Relógio de pobre, Andaluz, Professor, Sineiro, Seresteiro, Paciente, dentre tantos outros, tudo em virtude de seu valor, de sua presença em todas as atividades do homem, de sua identificação com o sertanejo, da capacidade de adaptação, da paciência, do sofrimento, da resignação, da resistência à fome e às doenças.

O jumento tem como função básica – sobretudo no nordeste – trabalhar em todo tipo de atividade, não obstante sua compleição não ser afeita a corridas nem a carregar cargas muito pesadas, pois é animal muito menor que o burro e o cavalo. Contudo, sempre foi explorado. No tempo dos minerais e da desbravação dos sertões, foi o “fabricante” de muares por isso era mais valorizado que o cavalo, o boi e o próprio escravo, pois os muares deram grande contribuição à nossa colonização. Até o trabalho massacrante dos negros e escravos que carregavam nas costas pesados fardos, foram transferidos para esse animal.

Com o passar dos tempos, o jumento foi perdendo a sua utilidade e valor como meio de transporte e como moeda de troca. Em face da facilidade na aquisição de meios de transportes automotores, foi trocado por motos e até bicicletas. Abandonado nas estradas, jogado à própria sorte com fome e sede, nascendo e crescendo – quando cresce – em locais imundos, ou sobre dejetos em currais inapropriados, desprezado permanece até o último de seus dias. Considerado um transtorno para motoristas que trafegam nas estradas, não raro são encontrados jumentos mortos a tiro, a fim de que não venham provocar acidentes. Há ainda os que são rudemente explorados até à exaustão para serviços pesados por carroceiros e donos de depósitos de material de construção e os que são utilizados para divertimento do homem em cavalgadas nas praias e até em corridas de jumento, ocasião em que um cigarro acesso é colocado no ouvido do animal para que ele corra e seu dono ganhe a competição.

Geuza Leitão é presidente da União Internacional Protetorados Animais – Uipa
A reflexão de Geusa surgiu após a repercussão da matéria abaixo:
Jumentos “choram” a morte de amigo atropelado


Jumentos “choram” a morte de amigo atropelado

por Marcos Montenegro

A equipe de reportagem da TV Jangadeiro, a caminho da realização de uma pauta, se deparou com um jumento morto na manhã desta sexta-feira (4), em plena avenida Luciano Carneiro.

A repórter Emanuella Braga registrou as imagens e conversou com populares sobre o fato. Um morador de rua informou que o animal foi atropelado por volta das 3 horas da madrugada. Por conta de um pedaço do carro atropelador que ficou no local, o veículo seria possivelmente um Fiat Uno de cor vinho.

A história, além de triste, é também curiosa. Apesar de o atropelamento ter acontecido na madrugada, outros três jumentos, solidários a morte do “colega”, não saiam do local. Em uma das fotos abaixo há o registro, inclusive, de um dos quadrúpedes “chorando” sobre a vítima.

A questão que fica, agora, é de e para quem reclamar: dos responsáveis pelos animais, que deixam eles saírem por aí pelas ruas, ou do motorista “infrator”, que, aliás, nem sabemos se a culpa foi dele mesmo ou não. Há de se convir que animais na pista é sempre um perigo para os dois lados. Neste caso, o jumento levou a pior.


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Fotos: Repórter Emanuella Braga

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