domingo, 24 de outubro de 2010

Apoio do BNDES a frigoríficos ajudou desmate, diz TCU

Noticias - MEIO AMBIENTE - BRASIL
24-Out-2010
AE - Agência Estado

Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) atribuiu a uma "falha" da Casa Civil o choque entre duas políticas públicas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos dois últimos anos, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu bilhões em frigoríficos, contribuindo para o avanço da pecuária na Amazônia, na contramão da política de combate ao desmatamento.

Entre 2008 e 2010, o BNDES investiu cerca de R$ 10 bilhões em grandes frigoríficos, como JBS, Bertin (que se fundiram) e Marfrig. A compra de participação acionária dessas empresas pelo banco pretendia consolidar a posição do País como principal exportador mundial de proteína animal. O "complexo carnes" deveria se tornar o principal setor exportador do agronegócio brasileiro, segundo a Política de Desenvolvimento Produtivo do Ministério do Desenvolvimento. Na época, o governo já reconhecia a pecuária como o maior motivo do abate da Floresta Amazônica.

Faltou coordenação no governo para evitar trombadas entre as duas políticas, aponta o TCU. "Foram identificadas falhas na articulação e coordenação, a cargo da Casa Civil", entre os diferentes programas de governo. A Casa Civil era comandada à época por Dilma Rousseff, que não é citada pelo TCU. A ministra era, formalmente, a coordenadora de todos os programas do governo espalhados pelos ministérios. O próprio presidente da República, tão logo começou a campanha eleitoral, a apresentou ao eleitorado como a segunda pessoa mais importante na estrutura de governança do País.

Questionada sobre a conclusão dos auditores, a Casa Civil argumentou que contribuiu para a redução do desmatamento na Amazônia. A taxa anual anunciada no fim de 2009 foi a mais baixa em 20 anos: 7,4 mil quilômetros quadrados. "Isso não significa que estamos satisfeitos. Precisamos continuar melhorando e sempre há espaço para isso", disse a Casa Civil.

Na época do grande investimento em frigoríficos, relatórios oficiais mostravam que a pecuária dominava 80% das áreas desmatadas. Em 2006, a Amazônia concentrava a terça parte do rebanho nacional. Em 2007, o ritmo das motosserras voltara a crescer. Com recursos do BNDES, os frigoríficos reforçaram o avanço da pecuária na Amazônia: todos têm estabelecimentos industriais na região. "Como consequência, verificou-se que frigoríficos beneficiados pelo BNDES adquiriram gado de fazendas envolvidas com desmate ilegal e trabalho escravo", relata auditoria aprovada pelo TCU.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,apoio-do-bndes-a-frigorificos-ajudou-desmate-diz-tcu,629131,0.htm


Uma em cada três cabeças pasta no limite da Amazônia

24 de outubro de 2010 | 0h 00
- O Estado de S.Paulo

Uma em cada três cabeças de gado do rebanho do Brasil pasta nos limites da Amazônia Legal, resultado do deslocamento da pecuária em direção ao Norte, estimulada pelo avanço da fronteira agrícola. Existem cerca de 70 milhões de cabeças na região, o que justificou o estabelecimento de grandes frigoríficos. O avanço da pecuária sobre a Amazônia foi estimulado pela oferta de crédito por instituições oficiais de crédito e, sobretudo, por baixos custos de produção. No bioma, a terra custava pouco ou não custava nada, no caso das terras públicas ocupadas ilegalmente. No rastro desse avanço, aumentou também o desmatamento de florestas.

A auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) reproduziu uma série de levantamentos que mostra que houve sincronia entre o aumento do preço do boi gordo, da oferta de crédito e do abate da floresta, sobretudo durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso.

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