A polêmica sobre o sacrifício de cães diagnosticados com leishmaniose volta à pauta de discussão em simpósio que acontece hoje e amanhã, no auditório da Famasul, em Campo Grande. Médicos veterinários e autoridades em saúde pública discutem qual o “caminho do meio” para os animais que apresentam sintomas da doença. Hoje, a eutanásia de cães é feita mesmo sem autorização do dono.
Nas discussões do simpósio, promovido pelo CRMV-MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária-MS), estão o tratamento da doença, o uso da coleira e a eutanásia dos cães diagnosticados com a doença. A presidente do CRMV-MS, Sibele Cação, avalia que a dúvida em torno do exame é o que prejudica a prática do sacrifício.
“O exame sorológico não tem 100% de certeza, há o risco de o resultado apresentar um falso positivo, o que leva a morte um animal que não tem comprovadamente a doença. Isso acontece principalmente quando o animal não tem sintomas, mas o resultado dá positivo”, comenta Sibele.
Em Campo Grande houve 32 mortes em quase 400 casos da doença, segundo a União, entre 2006 e 2008. Somente neste ano, o Campo Grande News noticiou a morte de quatro pessoas vítimas da leishmaniose, em municípios como Corumbá, Ladário, Três Lagoas e na Capital. Além disso, o município de Coxim precisou decretar emergência por conta do surto da doença.
Segundo a OMS, a leishmaniose visceral registra anualmente 500 mil novos casos humanos no mundo com 59 mil óbitos. Quando não tratada, pode evoluir para óbito em mais de 90% das ocorrências. Na América Latina, ela já foi detectada em 12 países e, destes, cerca de 90% dos casos acontecem no Brasil, onde, em média, 3.500 pessoas são infectadas anualmente.
A presidente do conselho acrescenta que a população, quando tem dúvida, pode exigir o exame de contraprova. “A prefeitura não faz porque sairia o dobro do custo, fazer um exame e depois comprova-lo com outro. Mas a população tem como buscar outros meios”, disse, citando as clínicas particulares.
Coleira – A Prefeitura de Campo Grande encerrou em julho do ano passado a distribuição das coleiras contra a leishmaniose, respaldada pela queda do índice da doença nos cães da Capital. Porém, o número de casos voltou a subir, o que exige a retomada da coleira, diz o CRMV-MS.
“Sem dúvida alguma, o uso da coleira diminui a incidência da leishmaniose em humanos. Mas a atitude do poder público tem seus critérios, apesar de ser notório a eficácia da coleira”, afirma Sibele.
No ano passado, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) chegou a distribuir a 120 mil coleiras por semestre na Capital. À época, o índice da doença caiu de 36% para 13%.
Tratamento – Atualmente, o tratamento da leishmaniose é feito com repelente e inseticida, além de medicamentos. Porém, portaria do Ministério da Saúde proibiu o tratamento no Brasil, como forma de controle da doença.
O simpósio segue até amanhã, com discussões sobre a doença em Campo Grande, com comentários de casos no Brasil e no mundo. Os aspectos legais dos sacrifícios e as novidades do setor farão parte de um documento, elaboradora pela Comissão Estadual de Leishmaniose do CRMV-MS, que será direcionado para as autoridades competentes.
O auditório da Famasul fica na Rua Marcino dos Santos, 401, Chácara Cachoeira.
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