Eliane Souza
Ambientalistas e moradores da região pantaneira de Miranda denunciam a mortandade de jacarés nativos que vem ocorrendo desde o começo do ano. Os abates clandestinos estão ocorrendo com mais freqüência nas proximidades da obra de construção da ponte de concreto na rodovia MS-184. Outro problema é a quantidade de lixo encontrado, inclusive de embalagens de marmitex, provavelmente servido para os trabalhadores.
Ambientalistas revelam que já encontraram diversas carcaças de jacarés na região. O detalhe é que todas estão faltando apenas o rabo, que é a região com carne mais macia. “Quando é animal de cativeiro, se aproveita toda a carne, mas os nativos, pela exposição ao sol, têm uma couraça mais dura e a região que possui mais carne é a menos dura”, diz um dos denunciantes.
A crueldade na região do Passo do Lontra tem causado indignação também nos turistas pela maneira em que os animais são abatidos: com o auxílio de objeto cortante, possivelmente facões. Ao que tudo indica, em alguns casos os rabos dos jacarés são retirados com o animal ainda vivo.
Em outros abates, o criminoso laça o jacaré pela cabeça, o arranca da água e dá pauladas ou tiros na cabeça para imobilizá-lo. Depois, a carne mais macia (rabo) é retirada e o restante abandonado no local.
Na região do passo do Lontra estão acontecendo várias obras, entre elas a construção da ponte de concreto armado sobre a ponte na rodovia MS-184. O empreendimento tem 240 metros de comprimento por 10,8 de largura.
Construtora
A empresa responsável pela obra da ponte no Passo do Lontra é a Cowan Construtora, que é sediada no estado de Minas Gerais. O coordenador de obras, Marco Antônio Ramos disse à reportagem que é improvável que funcionários encarregados da obra estejam matando os jacarés. “Existe uma orientação sobre preservação ambiental. Eles são proibidos de caçar, pescar e jogar lixo na natureza”, diz.
O coordenador defende ainda que existem comunidades pantaneiras na região e não descarta que a matança dos jacarés possa estar acontecendo pelas mãos de moradores ou ainda de trabalhadores de outros empreendimentos.
Sobre a denúncia de despejo de lixo, Marco Antônio confirma que há alguns dias foi confirmado que funcionários estariam poluindo, porém foi ministrada uma palestra com tema ambiental e todos orientados que a reincidência vai gerar penalidade, inclusive até demissão. O lixo teria sido retirado por uma empresa contratada.
Penalidades
A Polícia Militar Ambiental (PMA) alerta que o abate de animais silvestres acarreta em multa de R$ 500 por animal, caso não seja de espécie em extinção e se for considerado extinto a multa é de R$ 5 mil. A detenção pode ser de seis meses a um ano.
O assessor de imprensa da PMA, capitão Queiroz revela que diante da denúncia, já acionou o posto da polícia que fica na região do Buraco das Piranhas, para tentar flagrar os abates.
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