segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Bolívia, agosto e a Pachamama

Noticias - ANIMAIS - MUNDO
02-Ago-2010
Mario Hubert Garrido

As oferendas incluem alimentos, álcool, flores e até o sacrifício de animais como galinhas ou chamas.

La Paz, 2 ago (Prensa Latina) - Fiéis a suas tradições, os bolivianos começaram desde esta semana as oferendas à Pachamama (Mãe Terra), um agasalho que guarda relação com os destinos do país e ultrapassa os 31 dias do oitavo mês do ano.

O primeiro em saudar aos "achachilas" (espíritos protetores dos indígenas aymaras) foi o vice-presidente, Álvaro García, que pediu saúde, coragem, energia e prosperidade ao segundo mandato - até o 2015-do chefe de Estado, Evo Morales.

O ritual, celebrado no cerro Pajchiri, da população de Achacachi (La Paz), centrou a atenção dos grandes meios, muitos dos quais omitiram o desafio assumido pelo estadista de ser paladino dos direitos da Mãe Terra ao nível internacional.

Recentemente, a Assembleia Geral de Nações Unidas aprovou uma Resolução que decreta à água potável e o saneamento básico, como direitos humanos universais, uma proposta de Bolívia.

A nação sul-americana, em abril deste ano, foi palco também da Primeira Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática (Cochabamba), cujos acordos, muitos deles contrários à fracassada Cúpula de Copenhague, serão expostos na reunião de Cancún (México) no final deste ano.

A criação de um Tribunal Internacional de Justiça que julgue a Estados e empresas que atingem a vida no planeta e a realização de um referendo mundial em 2011 sobre mudança climática, são dessas conclusões dos setores sociais, incômodas para países industrializados.

Desde então, também em 22 de abril se celebra no Dia Mundial da Mãe Terra, ainda que está vigente outra demanda desse encontro social, proposto por Bolívia: que a ONU aprove uma Declaração sobre os direitos da Pachamama.

Na celebração neste país, García recordou que a cada 1 de agosto e durante todo o mês se entregue à Mãe Terra coca, incenso, copal, álcool e doces, porque é o tempo do "lakan paxi" (mês da boca), mês no que a Pachamama abre sua boca para receber as oferendas que lhe entregam os seres humanos e garantir boa colheita e chuva.

Destacou também o necessário clima de paz para uma melhor gerenciamento do Executivo, em alusão a importantes reptos como a aprovação de leis orgânicas que permitem a implementação da primeira Constituição Polícia do Estado, aprovada pelo povo nas urnas.

Um novo órgão Eleitoral ou uma justiça gratuita e para valer plurinacional, também o nascimento de Autonomias territoriais, são mal três das conquistas respaldadas por essas normas que foram aprovadas pelo poder legislativo, no que são maioria setores historicamente marginados.

O vice-presidente também fez votos pela unidade "não importa se somos indígenas ou mestiços da cidade ou do campo, de oriente ou ocidente porque todos somos bolivianos e amamos a nossa pátria e queremos que seja grande, poderosa e respeitada no mundo", reforçou.

Além do mais, em nome de todo o governo, García também solicitou permissão para que a whipala (bandeira aimara) não seja desprezada e chegue a todo o país, como um símbolo de igualdade e justiça social.

Na Bolívia, estes ritos precolombinos denominam-se "coachadas" ou petições à Pachamama e celebram-se ao longo do mês de agosto para abençoar os veículos, as casas ou os negócios e pedir prosperidade, saúde, dinheiro e bens para toda a família.

As oferendas incluem alimentos, álcool, flores e até o sacrifício de animais como galinhas ou chamas.

O ritual coincide com o começo da etapa mais fértil para os cultivos da zona do altiplano, depois da colheita em fevereiro, quando a terra descansa e é agora, a princípios de agosto, quando acorda com fome e há que saciar seus desejos.

lac/ga/bj
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