sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Suiça: Governo do Valais libera a caça ao lobo

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06-Ago-2010

O lobo reapareceu na Suíça no final dos anos de 1990. (Keystone)Swissinfo com Agências

Foto: O lobo reapareceu na Suíça no final dos anos de 1990. (Keystone)Swissinfo com Agências

O governo do cantão do Valais, no sudoeste da Suíça, autorizou a caça do lobo que atacou ovelhas e, pela primeira vez, bovinos na região alpina de Crans-Montana. Defensores dos direitos dos animais estão indignados com esta decisão.

Várias ovelhas foram atacadas, duas novilhas mortas e outra ferida nas últimas semanas no Valais. As mordidas encontradas nesses animais indicam que o lobo é responsável pelos ataques, segundo o governo estadual.

Os lobos matam mais ou menos 200 ovelhas por ano na Suíça. A novidade no Valais é que, em julho passado, pela primeira vez esse predador matou um bovino de 200 quilos e o comeu pela metade. Poucos dias depois, ele atacou outro bovino. O animal escapou com ferimentos graves.

Uma comissão interestadual fez um balanço dos danos causados por esses ataques. Numa reunião entre os governos federal e estadual, em 29 de julho, constatou-se que não havia medidas adequadas para proteger os bovinos contra ataques de lobos.

Devido a essa constatação, os responsáveis do cantão e do governo federal concluíram “que uma licença de caça (do lobo) para evitar mais danos pode ser considerada”. Em seguida, o secretário estadual de Meio Ambiente, Jacques Melly, ordenou a caça do lobo na região de Montana-Varneralp.

A licença para abate do predador será publicada na próxima edição do Diário Oficial. A autorização é válida por 60 dias e será supervisionada pelo Departamento de Caça, Pesca e Animais Selvagens (DJFW).

Melly disse à agência de Notícia AP que a caça foi autorizada por motivos preventivos, pois aproximadamente dois mil bovinos se encontram atualmente na região em questão e estão expostos a uma "elevada probabilidade de ataques de lobos".

Áreas restritas

Segundo o governo do Valais, as medidas a serem tomadas inicialmente se concentram nas áreas em que já ocorreram ataques de lobo. "Se necessário, porém, estas podem ser estendidas para todo o perímetro definido na autorização de caça."

Nos últimos dez anos, no Valais, praticamente todos os anos pelo menos um lobo foi liberado à caça. Em 1999, supostamente um lobo foi atropelado e morto durante em trabalhos de remoção de neve.

Indenizações

Anualmente, os lobos matam cerca de 200 ovelhas na Suíça: desde 1999, o número varia de menos de 20 a até 350 por ano. Bem mais do total de 250 mil ovelhas nos Alpes suíços morrem de doenças, acidentes ou quedas: estima-se que sejam 50 vezes mais, ou seja, cerca de 10 mil.

Os danos causados por lobos são cobertos em conjunto pela Confederação e os cantões. O governo federal também se engaja na proteção dos rebanhos. Para isso, ele gasta 830 mil francos este ano. A compra de um cão de guarda é subvencionada com 500 francos, acrescidos de 1000 francos anuais para a sua manutenção.

Um escritório central (Agridea) coordena a proteção dos rebanhos. Ele recomenda, além de cães de guarda e pastores, também a construção de cercas e de mata-burros. Nos últimos tempos, prestadores de serviço civil podem apoiar os pastores. A execução dessas medidas pelo governo federal dependente da cooperação com os cantões.

Ativistas indignados

A decisão do governo do Valais é criticada de forma veemente pelo WWF da Suíça. A ONG reclama que sequer estão disponíveis os resultados de uma análise de DNA. O procedimento, portanto, seria precipitado.

"Com a espingarda não se resolve problema algum", diz Kurt Eichenberger, especialista para grandes animais predadores do WWF Suíça. A organização de proteção dos animais acredita que o Valais aposta em uma política de caça de lobos, mas esta levaria a um impasse. O cantão é acusado de não ter protegido suficientemente os bovinos e ovinos nos Alpes, nos últimos anos.

"O Valais deveria se preocupar mais com uma proteção suficiente dos rebanhos. Outros cantões, como Genebra e Berna, mostram que isso funciona muito bem", diz Eichenberger.

Também a Associação de Conservação da Vida Selvagem na Suíça mostra-se indignada. "Segundo a lei atual, o lobo é uma espécie estritamente protegida. O abate só é permitido por lei em casos excepcionais, quando se trata de animais extremamente nocivos."

Mas, segundo a ONG, infelizmente na Suíça a exceção há muito virou regra. "A Suíça tem uma das mais elevadas taxas de abate de lobo da Europa, superior à da maioria dos países onde o animal pode ser caçado."

Segundo a legislação vigente, uma licença para caçar lobo é concedida se ele atacar pelo menos 25 ovelhas em um mês ou 35 num período de quatro meses. Nos últimos dez anos, foram concedidas 12 dessas autorizaçôes, a maioria para o Valais.

"Por isso, no Valais, já foram caçados e mortos vários animais – embora o lobo, desde 1988, seja um dos animais estritamente protegidos por legislação nacional e convenções internacionais (Convenção de Berna)", escreve a Associação de Conservação da Vida Selvagem.

Lobos isolados

A Secretaria Federal de Meio Ambiente estima que a população atual de lobos na Suíça seja de 15 a 20 animais, que se movem principalmente nos Alpes, especialmente nos cantões de Berna, Friburgo Vaud, Nidwalden, Obwalden, Lucerna, Valais, Ticino e Grisões.

Sabe-se que imigraram principalmente jovens machos para a Suíça. Técnicos da Secretaria Federal de Meio Ambiente acreditam que seja iminente a formação de uma alcateia. Bastaria apenas ser encontrado um casal.

Fonte: Swissinfo com Agências

http://www.zwelangola.com/ler.php?id=2738

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