sábado, 6 de novembro de 2010

Colombianos renunciam aos pratos à base de tartaruga para salvar a espécie

Noticias - ANIMAIS - MUNDO
06-Nov-2010

No norte da Colômbia, os nativos estão a renunciar aos seus pratos preferidos, à base de tartaruga, para salvar esta espécie em vias de extinção, sob o risco de trairem os seus costumes ancestrais, de acordo com a AFP. “É uma luta contra a cultura dos meus ancestrais. Alimentava-me muito de tartaruga e criei os meus filhos com o dinheiro que fazia a caçar tartarugas. Mas elas são cada vez mais raras. É altura de as salvarmos para nos salvamos a nós próprios”, contou Olegario Choles.

Chole, 72 anos, é um dos dirigentes de étnia wayuu, uma comunidade composta por pescadores e pastores oriundos da Venezuela e da Colômbia. Apoiado na sua pequena embarcação, observa a libertação de cerca de 220 tartarugas comuns por um grupo de jovens e crianças. De forma a conseguir com que as tartarugas bebés consigam chegar ao mar, Olegari Choles passou meses a negociar com os proprietários de restaurantes, cozinheiros e caçadores a retirarem dos menus os pratos à base de carne e de ovos de tartaruga, alegando que o seu consumo é proibido por diversas convenções internacionais.

Os voluntários nomeados pela comunidade percorrem as praias da região da península de Guajira, no extremo norte da América do Sul, para inspeccionar os ninhos e os proteger dos predadores naturais, enquanto outros visitam restaurantes e hotéis que oferecem sopa de tartaruga aos turistas para convencê-los a não continuarem a fazê-lo.

De acordo com Lina Báez, especialista em ambiente da companhia mineira Cerrejón (fortemente criticada por diversas ONG devido á sua mina de carvão a céu aberto), que patrocina esta campanha, “os Wayuu alimentam-se à base dos animais da região e alterar esses hábitos é uma missão quase impossível”. Para convencê-los, a empresa paga aos caçadores o mesmo que ganharia com a venda das tartarugas aos restaurantes. A Cerrejón financia ainda programas de apoio às escolas e bibliotecas locais.

Para alcançar estes objetivos, a campanha tem como alvos principais as crianças, para que estas possam sensibilizar os adultos para a causa. Consequentemente, “os antigos caçadores e os seus filhos têm vindo a preocupar-se com a protecção dos ninhos e em facilitar a viagem das tartarugas bebé até ao mar”, sublinha Maria Claudia Diazgranados, coordenadora do programa marinho internacional, uma das ONG envolvidas no projecto. Há ainda muito trabalho a desenvolver, pois além da carne, os nativos utilizam as carapaças das tartarugas para fabricar objectos artesanais e colares.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, seis das sete espécies de tartarugas existentes no planeta estão em risco de extinção.

http://jn.sapo.pt/blogs/osbichos/archive/2010/11/06/colombianos-renunciam-aos-pratos-224-base-de-tartaruga-para-salvar-a-esp-233-cie.aspx

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