sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Livro de Monteiro Lobato é liberado para ser usado em salas de aula

Noticias - ANIMAIS - BRASIL
05-Nov-2010

Algumas frases que aparecem na história "Caçadas de Pedrinho" foram consideradas preconceituosas pelo Conselho Nacional de Educação

Reprodução

'Caçadas de Pedrinho', de Monteiro Lobato

Um clássico da literatura infantil quase foi banido das escolas públicas do país. Algumas frases que aparecem na história "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, foram consideradas preconceituosas pelo Conselho Nacional de Educação.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, teve que intervir. Ele esclareceu o que a Academia Brasileira de Letras, com politicamente correta, chamou de equívoco. Agora, a reação ao veto foi enorme, e não só da academia. Educadores de todo o país protestaram contra a censura ao livro. Depois do bombardeio, de críticas, o Conselho Nacional de Educação recuou, e o livro "Caçadas de Pedrinho", ainda bem, está novamente liberado.

Monteiro Lobato racista? Um professor da universidade de Brasília achou que sim. Considerou que no livro "Caçadas de Pedrinho" há preconceito racial contra a personagem Tia Anastácia, a empregada negra do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Em um trecho, o autor diz que Tia Anastácia "tem carne preta”. Em outro, afirma "que trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro”.

A Secretaria de Igualdade Racial concordou com a crítica. “As expressões que o livro contém são expressões de um conteúdo fortemente preconceituoso e que precisam de tratamento explicativo na sala de aula, para que não se ofenda a autoestima das crianças e dos leitores”, declara o ministro da Igualdade Racial, Eloi Ferreira de Araujo.

O Conselho Nacional de Educação chegou a recomendar que o MEC deixasse de adotar "Caçadas de Pedrinho" nas escolas públicas. O argumento era que ele desrespeita o critério usado na avaliação dos livros didáticos, de não ter preconceitos ou estereótipos.

A Academia Brasileira de Letras condenou o veto. “A obra do Monteiro Lobato, depois de tantas décadas, sofrer esse tipo de avaliação é completamente equivocada. A academia, na linha das suas convicções democráticas, rejeita qualquer tipo de censura e entendeu a manifestação do conselho como uma forma de censura”, aponta o presidente ABL, Marcos Vinicios Vilaça.

Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, não é o caso de tirar o livro das escolas. “Décadas se passaram. Expressões que não eram consideradas ofensivas hoje são. Mas, em se tratando de Monteiro Lobato, de um clássico brasileiro da literatura infantil, nós só temos que contextualizar, advertir e orientar sobretudo o professor sobre como lidar com esse tipo de matéria em sala de aula”, aponta.

Problema resolvido. O livro vai continuar na lista do MEC, mas, a partir de agora, com uma explicação sobre o contexto em que foi escrito. Algo parecido com o que uma edição já traz sobre a caça à onça. A editora deixa claro que a aventura aconteceu em uma época em que a onça pintada não estava ameaçada de extinção, nem os animais silvestres eram protegidos pelo Ibama. (grifo Tribuna Animal)

Não custa lembrar que esse clássico da literatura infantil, "Caçadas de Pedrinho", foi publicado pela primeira vez em 1933.

http://www.vnews.com.br/noticia.php?id=83508


ABL se pronuncia contra censura à obra de Monteiro Lobato

Livro 'Caçadas de Pedrinho' foi apontado como 'racista' por conselho federal

A Academia Brasileira de Letras (ABL) se posicionou contra o parecer emitido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que classificou como ‘racista’ a obra Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato. O acadêmicos, em plenária realizada na quinta-feira, repudiaram a decisão e disseram que apelarão ao ministro da educação, Fernando Haddad, para que a proibição da obra não entre em vigor.

O parecer foi aprovado por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. Publicado em 1933, o livro de Monteiro Lobato, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira, narra as aventuras da turma do Sítio do Pica-Pau Amarelo em busca de uma onça-pintada. Segundo o CNE, os traços racistas da obra estariam na forma como o autor se refere à personagem Tia Anastácia, que é negra, e a alguns animais, como o urubu e macaco.

Segundo a nota emitida pela ABL, “cabe aos professores orientar os alunos no desenvolvimento de uma leitura crítica. Um bom leitor sabe que tia Anastácia encarna a divindade criadora dentro do Sítio do Picapau Amarelo. Se há quem se refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afro-descendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica”.

A ABL sugeriu ainda que, ao invés de proibir as crianças de saber disso, “seria muito melhor que os responsáveis pela educação estimulassem uma leitura crítica por parte dos alunos”. De acordo com os acadêmicos, falta conhecimento da obra por parte dos "professores e formuladores de políticas educacionais". “Então saberiam que esses livros são motivo de orgulho para uma cultura. E que muito poucos personagens de livros infantis pelo mundo afora são dotados da irreverência de Emília ou de sua independência de pensamento. Raros autores estimulam tanto os leitores a pensar por conta própria quanto Lobato, inclusive para discordar dele. Dispensá-lo sumariamente é um desperdício".

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/abl-pede-que-obra-de-lobato-nao-seja-censurada

Nenhum comentário:

Postar um comentário