Bióloga de Porto Alegre detectou pelo menos 100 pontos críticos para atropelamentos na estrada
A pressa e a ansiedade que embalam motoristas rumo ao Litoral não permitem olhares atentos às riquezas naturais ao longo da Rota do Sol. Pelo contrário. Às margens da rodovia que virou sinônimo de lentidão no trânsito a cada feriado, animais de diferentes espécies lutam pela sobrevivência diante da ameaça constante dos homens.
Muitos mamíferos, répteis e anfíbios, alguns deles em extinção, estão morrendo sob as rodas dos milhares de veículos que congestionam a estrada no verão entre São Francisco de Paula e Itati. Um dos motivos é a descrença. Os bichos dificilmente são vistos pelos motoristas, o que leva muita gente a desconfiar se realmente circulam por ali as tais jaguatiricas e leões-baio, entre outros. Os ambientalistas e moradores mais antigos da Rota do Sol são enfáticos: os animais existem sim e, em grande quantidade.
Infelizmente, a pista mais evidente para os descrentes são as carcaças no asfalto.
Atropelamentos de animais são diários. Contudo, não existe um controle contra a alta velocidade de veículos em toda a rodovia. Apenas placas alertando sobre a presença da fauna, algumas passagens subterrâneas para os bichos e dois pardais entre o Km 29,7 e o Km 30,4 da RS-486, em Itati.
A bióloga Fernanda Zimmermann Teixeira, moradora de Porto Alegre, detectou pelo menos 100 pontos críticos para a sobrevivência animal. O ideal, segundo ela, seria colocar controladores de velocidade em tudo. Mas Fernanda reconhece que a medida é inviável. Por isso, sugere pardais em um trecho de três quilômetros, após o trevo de acesso ao distrito de Tainhas. Ela chegou a esse conclusão por meio de uma dissertação de mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em único dia, ela registrou 150 mortes, incluindo muitos gambás, cobras, sapos e rãs. O estudo também apontou mais de 60 espécies diferentes de animais. Entre os mamíferos atropelados estavam um tamanduá-mirim e um gato-do-mato-pequeno, duas espécies ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul.
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