sábado, 29 de janeiro de 2011

Golfinhos com os dias contados na Baia de Guanabara/RJ

Noticias - ANIMAIS - BRASIL
29-Jan-2011

Espécie que habita a Baía de Guanabara pode sumir de lá por causa da poluição

POR JOÃO RICARDO GONÇALVES

Rio - É difícil imaginar, mas um dos pontos mais degradados ecologicamente do litoral brasileiro, a Baía de Guanabara, abriga uma população fixa de golfinhos, animais geralmente associados com águas paradisíacas. Depois de resistirem durante anos, porém, os botos-cinza podem estar com data marcada podem finalmente sumir da Baía se continuarem desaparecendo no ritmo que indica um estudo do Projeto Mamíferos Aquáticos (Maqua), da Uerj.

O projeto, que conta com o apoio da Petrobras, fotografa duas vezes por semana as nadadeiras dorsais dos golfinhos encontrados e as compara as imagens em laboratório. As nadadeiras servem como uma espécie de ‘impressão digital’ desses animais, e, através do levantamento, é possível saber que, há 10 anos, existiam cerca de 70 botos-cinza na Baía, e, agora, são pouco mais de 40.

O estudo indica que , seguindo nesse ritmo, a população pode ser extinta até 2050. Os animais têm morrido vítimas de pesca acidental e, é claro, em decorrência de problemas trazidos pela poluição que atinge a Baía. “A qualidade ambiental pode fazer com que alguns animais abandonem a área e que novos botos de outras regiões não venham. A capacidade reprodutiva de algumas fêmeas também pode estar sendo afetada pela contaminação”, explica o professor de Oceanografia Alexandre Azevedo, da Uerj.

Atualmente, dois terços dos 17 municípios que circundam a Baía não tratam seu esgoto da maneira ideal. Segundo Azevedo, a interrupção do nível de degradação da Baía nos moldes atuais seria um passo para tentar reverter a saída dos botos. “Os novos investimentos têm que atentar para o impacto que causam na região”, alerta.

O boto-cinza é a única espécie de golfinho que se alimenta e reproduz na Baía de Guanabara de forma fixa. Outras espécies frequentam a região apenas de forma esporádica.

Em Sepetiba, outras ameaças

A maior concentração do Brasil de botos-cinza também fica no estado do Rio, na Baía de Sepetiba, onde existem mais de 800 animais. Lá, o que preocupa é o aumento de atividade nos portos da região.

"A área de fundeio dos navios que utilizam novos empreendimentos acabam se sobrepondo a áreas em que ficam os animais. A poluição sonora também os incomoda”, explica o biólogo Leonardo Flach, que coordena o projeto Boto-Cinza na baía.

Enquanto isso, outros projetos também tentam recuperar o ecossistema da região. Nos primeiros dias de janeiro, a Vale soltou 2 milhões de larvas de camarão rosa na Baía de Sepetiba. A ação, realizada anualmente pela empresa desde 1996, ajuda a repovoar a região com o crustáceo.

http://odia.terra.com.br/portal/cienciaesaude/vidaemeioambiente/html/2011/1/golfinhos_com_os_dias_contados_140861.html

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