A frota japonesa nas águas da Antárctida suspendeu a caça à baleia, depois das investidas da organização de defesa do Ambiente Sea Shepherd e pondera a possibilidade de regressar a casa muito mais cedo do que o previsto.
"O (navio) Nisshin Maru, que está a ser perseguido pela Sea Shepherd, suspendeu as suas actividades a 10 de Fevereiro por razões de segurança. Estamos a avaliar a situação, incluindo a possibilidade de acabar, prematuramente, com a sua missão", explicou Tatsuya Nakaoku, responsável da Agência de Pescas nipónica.
A época de caça à baleia começou a 2 de Dezembro e deverá terminar em meados de Março.
Paul Watson, fundador canadiano da Sea Shepherd, recebeu com prudência a notícia. "Se for verdade, isso mostra que a nossa estratégia foi coroada de sucesso", comentou à AFP. Os activistas estão há várias semanas a acompanhar de perto a frota japonesa, de quatro navios e 180 pessoas, nas águas geladas da Antárctida. Um dos seus barcos estaria a bloquear a rampa por onde as baleias mortas são içadas para o navio fábrica. O objectivo geral dos ecologistas é atrapalhar a actividade dos navios baleeiros a fim de "maximizar as suas perdas financeiras" e "salvar o máximo de baleias". Até ao momento, Watson estima que tenham sido mortas não mais do que 30 animais.
As razões da decisão nipónica ainda não são claras. Segundo um activista da organização ecologista Greenpeace, Junichi Sato, o Japão suspendeu a campanha deste ano não por causa da Sea Shepherd mas por causa dos "stocks" massivos de carne de baleia já acumulados. Além disso, acrescenta, a captura de 945 cetáceos, o objectivo oficial para este ano, será impossível de alcançar dada a capacidade insuficiente do navio fábrica "Nisshin Maru".
Sato e outro activista da Greenpeace foram condenados em Setembro a um ano de prisão com pena suspensa por terem roubado carne de baleia. A organização alega que o fez para obter uma prova do "tráfico ilegal" de carne destes cetáceos.
Todos os anos, os navios japoneses caçam várias centenas de baleias na Antárctida, em nome da "investigação científica", prática tolerada pela Comissão Baleeira Internacional que, desde 1986, impõe uma moratória à caça comercial.
Em Junho, a Austrália dirigiu-se ao Tribunal Internacional de Justiça para tentar obrigar o Japão a pôr fim à caça à baleia, alegando que o arquipélago viola as suas "obrigações internacionais". Por seu lado, as autoridades japonesas afirmam que esta pesca faz parte da sua cultura.
http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1480560
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