Ana Claudia Pires, delegada responsável pela investigação do caso, assistiu ontem às imagens do circuito interno da Secretaria Reginal do Costa e Silva
A peça-chave na investigação dos cães enterrados vivos por empregados da Secretaria Regional do bairro Costa e Silva, em Joinville, derrubou qualquer dúvida sobre a crueldade cometida contra os animais. A delegada Ana Cláudia Pires assistiu ontem às imagens do circuito interno da secretaria, registradas na semana passada, e confirmou as acusações.
“O vídeo mostra exatamente aquilo que as testemunhas denunciaram. Os cães estavam perfeitamente saudáveis momentos antes de serem enterrados”, destaca a delegada. Ela diz que um trecho das imagens mostra os dois cães sendo levados por um funcionário da secretaria do bairro até o terreno nos fundos da repartição.
Outra sequência, segundo Ana Cláudia, registra o momento em que o maquinista retira a patrola do depósito e manobra em direção ao local onde os animais foram enterrados, 15 minutos depois. “Está tudo muito claro. Essas provas mostram que os dois funcionários investigados mentiram descaradamente no depoimento.”
Na quinta-feira passada, o maquinista suspeito de enterrar os bichos e o gerente que o autorizou foram ouvidos na Central de Polícia. Eles repetiram a versão de que os animais haviam sido envenenados e já estavam mortos. Quando as denúncias se tornaram públicas, na semana passada, o gerente foi exonerado pela Prefeitura.
Uma cópia das imagens será incluída no inquérito. O laudo veterinário que comprova a morte dos cães por asfixia também foi anexado ao documento. O exame aponta lesões nos pulmões e obstrução nas narinas dos cachorros.
Além das provas, a polícia tomou depoimentos de quatro funcionários do Pronto Atendimento (PA) Norte, que denunciaram a crueldade. Antes de encerrar a investigação, a delegada Ana Cláudia ainda pretende ouvir mais uma testemunha do PA.
“Já está comprovado que ocorreu um ato descabido naquela secretaria, mas esse novo depoimento pode trazer mais detalhes à investigação”, observa.
ROELTON MACIEL/JOINVILLE
PRÓXIMOS PASSOS
O inquérito deve ser concluído nos próximos dias. Antes de encerrá-lo, a delegada Ana Cláudia Pires pretende ouvir mais uma testemunha. Depois, todas as provas serão encaminhadas ao Ministério Público Estadual, que pode oferecer denúncia contra os indiciados. O processo administrativo disciplinar, instaurado pela Prefeitura, deve se desenrolar a passos mais lentos. A apuração tem prazo de dois meses para terminar, e a data pode ser prorrogada. A Secretaria de Gestão de Pessoas quer ter acesso ao inquérito.
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