domingo, 28 de março de 2010

O musico vegan Moby desembarca com o seu "Wait for Me"

Noticias - ANIMAIS - MUNDO
28-Mar-2010

Com seu novo disco e a grande habilidade pop, músico vem ao País em abril para uma grande turnê nacional, trazendo uma banda com seção de cordas e metais

Jotabê Medeiros
Agência Estado

Não há quem não concorde que Moby se tornou, a partir dos anos 1990, um dos artistas do universo pop mais hábeis em criar ambientes sonoros etéreos e climáticos, paisagens emocionais caracterizadas por grande afinidade com a melancolia. A bordo de seu novo disco, "Wait for Me" (2009), Moby desembarca no País em abril para uma grande turnê nacional, trazendo uma banda com seção de cordas e metais.

O cantor e guitarrista, nascido Richard Melville Hall, e que descende diretamente de Herman Melville (o autor do clássico literário "Moby Dick", daí seu apelido), tem uma bela folha corrida de serviços prestados ao pop: em 1999, com "Play", acelerou a fusão entre gospel e eletrônico; em 2002, com "18", fincou pé na ambient music; em 2007, flertou com o rock em "Hotel"; em 2008, acabou-se na pista de dança com "Last Night", big beats para as massas.

Agora, é a vez de voltar aos climões com sangue de soul music. Com canções de clássico romantismo, como "Pale Horses", e outras de quase pregação religiosa, como "Study War", o disco "Wait for Me" mostra Moby no auge de sua capacidade de criador de baladas espirituais. O cantor deu entrevista semana passada.

Você está vindo para tocar em 5 cidades brasileiras desta vez. O fato de você ter estudado teatro ajuda na hora de criar um personagem, uma persona?

MOBY - Já estive no Brasil cinco vezes, a primeira em 1992 ou 1993, não tenho certeza. Conheci Curitiba, Porto Alegre. A novidade é que desta vez vou a Brasília, que não conheço, mas que tinha grande vontade de conhecer porque é uma obra-prima do arquiteto Oscar Niemeyer, de quem sou grande fã. A imagem de Yoko Ono (que disse que Brasília parece uma cidade que parece deixada ali no meio do nada por um disco voador) soa perfeita para mim, é a mesma impressão que tenho.

Você disse que foi uma frase do diretor David Lynch, que defendia a invenção como uma beleza em si, que norteou todo o seu novo disco, "Wait for Me". Pode falar um pouco sobre esta inspiração do Lynch?

MOBY - No curso de minha carreira, eu fiz todo tipo de música. Fiz música clássica, hip-hop, house music, fui punk. Não esperava ter sucesso, e nem mesmo esperava ter uma carreira fazendo música. Tudo que queria era fazer algo o mais popular possível, algo que pudesse me manter em contato direto com uma hipotética plateia. Não gosto de música comercial, meu trabalho é fazer tudo com integridade e algum senso de beleza. Não é feito com a intenção de tocar no rádio. Então, quando Lynch disse aquilo, ele me remeteu ao meu instinto mais básico, e isso foi uma espécie de força no disco.

Um jornalista do "Guardian", um tal de Simpson, disse outro dia que seu disco soava como o trabalho de alguém que parecia ter acabado de sair de uma festa selvagem, e que agora procurasse por redenção e luz. Concorda?

MOBY - Felizmente, minha música é sempre a expressão das minhas melhores intenções, e é isso que tento colocar no palco. É diferente, às vezes, fazer música com o apelo de um estádio e fazê-la para tocar num pequeno teatro. Mas eu sou sempre o mesmo cara, e quando estou tocando sempre me parece que estou tocando numa festa em que servem coquetéis. Meu objetivo, falando de um jeito simples, é fazer as pessoas felizes. Nunca subo ao palco para impressionar, para fingir que sou algo que não sou. Estou ali para melhorar a noite das pessoas.

Você também sempre expressa abertamente suas opiniões políticas e sua militância vegetariana. Como lida com a necessidade de transmitir suas opiniões de ativista por meio da música?

MOBY - Grande parte dos meus heróis na música eram pessoas que grande militância política, como Joe Strummer, Neil Young, Chuck D. Faço da música uma forma de expressão pessoal, e certamente minhas crenças e meu ativismo transparecem por meio dela, mas não é uma intenção deliberada.

De qualquer modo, nesse novo disco você soa mais contemplativo e mais afirmativo. Considera o álbum uma mudança também filosófica no seu jeito de ver o mundo?

MOBY - É uma grande mudança. Meu diagnóstico é que nós vivemos num mundo e numa cultura em que prevalece a seguinte visão: se tivermos bastante dinheiro, muitas namoradas e muita fama, estaremos felizes. O materialismo é OK, cada um vê o mundo do seu jeito, mas o materialismo não providencia felicidade. É um equívoco. Em vez de olhar sempre para as coisas externas, para as aparências, temos de começar a olhar mais dentro de nós mesmos. Eu sou apenas um músico tentando despertar esse interesse pelo que cada um tem de melhor em si. Nesse sentido, considero o disco uma mudança, porque ele atenta para essa preocupação. O mundo está muito individualista e egoísta.

http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=367521

Veja abaixo um vídeo aonde o músico Moby fala sobre a sua escolha pelo veganismo e dá algumas dicas práticas sobre como guardar os alimentos em uma pequena cozinha urbana. (em inglês)

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