Neste ano já foram registradas 167 ocorrências no estado.
Participantes usam objetos pontiagudos para perfurar e cortar os animais.
Do G1, em São Paulo
Na intenção de coibir a farra do boi, que acontece com maior frequência durante a Semana Santa, órgãos e instituições de Santa Catarina organizam ações para impedir o evento.A Polícia Militar implantou barreiras policiais nas regiões com maior índice de ocorrências. Lanchas também estão sendo usadas na tentativa de inibir grupos que transportam os animais pelo mar, em embarcações. Somente nesta semana o número de bois apreendidos foi 44 contra 57 em todo o ano passado.
Além dessas ações, câmeras com alcance de visão de até três quilômetros estão sendo usadas pela polícia neste ano para ajudar a fiscalização em locais estratégicos. Os equipamentos, instalados a uma altura de dez metros, podem gravar imagens em locais de difícil acesso. As imagens, além de serem usadas de forma preventiva, também servem como prova do crime de maus-tratos a animais, segundo a polícia.
“O número de apreensões deste ano provavelmente será maior que o do ano passado, mas não necessariamente porque as ocorrências aumentaram. A explicação para isso é que a cada ano a polícia combate mais a farra do boi. Hoje, conseguimos apreender mais envolvidos que no ano passado”, afirmou ao G1 o tenente coronel da Polícia Militar de Santa Catarina, João Schorne Amorim.
A farra do boi é considerada crime desde 1997. Os envolvidos podem responder por maus-tratos a animais e pegar até um ano de prisão. O maior índice de ocorrências é registrado no período de Natal, Ano Novo, carnaval e quaresma.
Em algumas cidades, até duas mil pessoas chegam a participar do evento, que normalmente acontece em regiões rurais. Os municípios que mais registram casos da farra no estado são os que possuem comunidades de cultura açoriana, eles estão localizados na região litorânea. Governador Celso Ramos, Navegantes, Itajaí e Bombinhas são alguns deles.
Segundo o chefe de Comunicação Social da Polícia Militar, Ricardo Alexandre Silva, são sempre as mesmas pessoas que participam da farra. “Temos um levantamento de todas as pessoas que se envolveram no evento ao longo dos últimos anos e por incrível que pareça são sempre as mesmas, nos mesmos municípios”, afirmou.
A polícia tem dificuldades para prender os responsáveis. “Por se tratar de regiões de mata, quando as pessoas percebem que a polícia está chegando, elas correm e se escondem. Nesses casos apreendemos somente o animal”, disse Silva.
Quando a polícia chega ao local em que o evento está acontecendo procura isolar o animal. “Não podemos usar força contra as pessoas. Isolamos o boi e tentamos, com isso, parar o evento. Quando o animal está agitado, ele pode machucar as pessoas que estão ao redor”, afirmou Amorim.
Animais apreendidos são encaminhados para o Cidasc (Divulgação/Polícia Militar)
Se para alguns moradores a farra é um ritual simbólico, para os defensores dos animais é uma prática que deveria acabar.
Para a presidente da União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), Vanice Teixeira Orlandi, o comportamento da população contribui para que a lei não seja cumprida.
“Qualquer tipo de violência deveria ser punida. Principalmente quando essa violência é com um animal que não tem como se defender. No estado de Santa Catarina acontecem as piores práticas de crueldade com os animais. A população sabe o que acontece, mas ninguém denuncia.”
Ferimentos
Os participantes da farra costumam usar objetos pontiagudos e facas para perfurar e cortar o animal. Em alguns casos, segundo Vanice, os olhos do boi são retirados e os chifres, cortados. “A população machuca tanto o boi que em alguns casos ele sangra até morrer. As pessoas olham, mas ninguém chama a polícia”, afirmou.
Cachorros também são machucados no evento, segundo Vanice. “Normalmente crianças usam esses animais porque eles são menores e mais fáceis de ferir.”
Apreensão
Todos os bois apreendidos pela polícia são encaminhados para a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Se possuírem identificação, são devolvidos para o dono, mas, quando isso não acontece, o destino é o abate. A carne é incinerada pela Cidasc.
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1552239-5598,00-POLICIA+USA+BARREIRAS+LANCHAS+E+CAMERAS+PARA+IMPEDIR+FARRA+DO+BOI+EM+SC.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário