LUIZ GUSTAVO CRISTINO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A paisagem é linda, mas os voluntários que vão à Antártida tentar evitar a morte de baleias vivem em tensão permanente de guerra com os navios baleeiros.
Os métodos da ONG Sea Shepherd são variados. A fotógrafa carioca Bárbara Veiga, 27, exemplifica: "Conseguimos, por meio de cordas com metal dentro que se enrolam na hélice, interceder em um dos navios, que agora está parado. Eles provavelmente terão de colocar alguns mergulhadores na água para cortar a corda, e devem atrasar a caça por dias."
Além dos cabos, os voluntários lançam projéteis com gás de pimenta no deque dos barcos baleeiros japoneses. Se necessário, eles também ficam no caminho entre os navios caçadores e as baleias, ou tentam danificar seus radares, para que os animais não sejam localizados.
Todas essas atitudes são, claro, revidadas. A brasileira Veiga, que está desde 5 de dezembro a bordo do Steve Irwin, barco da Sea Shepherd (com mais quatro membros do Brasil), diz se sentir sob risco constante.
Mas, para ela, "não há nada mais especial do que documentar este crime". Não é a primeira vez que Veiga participa de uma ONG: ela já foi do Greenpeace por quatro anos. Faz isso por causa dos seus ideais.
No Sea Shepherd, a sensação de insegurança descrita por Veiga é compartilhada por outro voluntário. "Uma vez, japoneses atiraram contra o nosso navio. Todos nós ficamos dentro, mas, quando o capitão Paul Watson saiu, ele levou um tiro no peito. Graças a Deus, ele estava com colete à prova de balas", diz o relações-públicas Daniel Fracasso, 31, que esteve na primeira campanha da Sea Sheperd, de dezembro de 2002, com outros 44 tripulantes.
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