quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Piracicaba/SP: Veto do prefeito ao PL é mantido. Animais continuarão a ser sacrificados em rituais

Noticias - ANIMAIS - BRASIL
08-Dez-2010

Piracicaba perdeu uma grande oportunidade de entrar para a história da vanguarda legislativa (subtitulo T.A.)

Para Vira Lata Vira Vida, debate contribuiu para amadurecer discussão


Erich Vallim Vicente

Apesar da manutenção do veto ao Projeto de Lei 202/10, decidida na reunião ordinária de segunda-feira, 6, na Câmara Municipal, o sentimento dos dois lados – de defensores e religiosos – é que a vitória no plenário, por 7 a 5, deu gás ao movimento ambientalista e da causa animal. “O que aconteceu (na segunda-feira) foi bastante inquietante, mostrou muito amadurecimento sobre a discussão da defesa dos animais”, disse Miriam Machado, presidente da ONG Vira Lata Vira Vida. Representante dos religiosos, Ronaldo Almeida se saiu com uma frase lugar-comum. “Ganhamos, mas não levamos”, disse.

Miriam destaca, ainda, o bom nível da discussão, apresentada durante o debate no plenário. “Poucos foram os vereadores que não se prepararam para falar sobre o tema”, avalia a presidente da ONG. Ela acrescenta que o debate “retirou as pessoas da Zona de Conforto” sobre a causa animal. “Isso (essa mudança) fará muito bem para a sociedade”, acrescentou. Por e-mail, Mônica Faria, militante da causa animal, comemorou o que chamou de “vitória moral”. Ela se disse surpresa com o discurso do pastor Marcos Oliveira, visto como fundamental para a boa votação contra o veto do prefeito Barjas Negri. “Foi arrepiante quando citou que os nossos irmãos animais têm alma”, citou a militante.

PICHAÇÃO – Um dos principais articuladores da defesa ao acato do veto, Ronaldo Almeida teve sua casa pichada na madrugada de segunda para terça-feira com frases ofensivas. As frases o acusavam de “matador de animais” e faziam

Ronaldo Almeida teve sua casa pichada com frases ofensivas que o acusavam de “matador de animais” e faziam ameaças - Foto: Daniel Damasceno
Ronaldo Almeida teve sua casa pichada com frases ofensivas que o acusavam de “matador de animais” e faziam ameaças - Foto: Daniel Damasceno
ameaças – “morte a todos vocês”. “Cheguei em casa por volta de 1h15, tomei banho e fui dormir; hoje (ontem), quando acordei, por volta das 10h, fui chamado para ver o que havia ocorrido no muro da minha casa”, relatou Almeida. Ele informou que conversou com vizinhos, que também chegaram de madrugada, por volta das 3 horas, e que relataram já haver a pichação. “Então, deve ter sido feita por volta da 1h e 3h da madrugada”, disse.

Ele registrou Boletim de Ocorrência e disse que denunciará ao Conselho Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. “Isso não pode acontecer, esse tipo de preconceito”, disse Ronaldo Almeida. Ao mesmo tempo, ele procurou não fazer acusações. “Pelo clima tranquilo do pessoal da causa animal que estava em frente à Câmara na segunda-feira, 6, acredito que não tenham sido eles, mas é uma pena que alguém aja desta forma”. Almeida também rechaçou qualquer possibilidade das pichações terem sido forjadas. “Por que eu faria alguma coisa deste tipo? Vou ter que gastar R$ 300 para pintar a minha casa”, finalizou.

Miriam Machado, da ONG Vira Lata Vira Vida, repudiou a atitude. “Isso não se faz, e está totalmente contrário aos nossos preceitos, de fazer uma manifestação de forma não-violenta”, disse a militante. “A ONG repudia esta atitude e defende a liberdade religiosa. O debate precisa ser feito em alto nível, sem qualquer tipo de violência”, finalizou.


SACRIFICAR NÃO É MALTRATAR? - Mais uma derrota. Ou melhor, uma vitória com sabor de derrota. Em menos de um mês, os animais perdem mais uma vez o direito à vida. Uma história que parece não ter nunca um final feliz para os animais. Sete vereadores votaram a favor dos animais, porém, cinco vereadores e o veto do Executivo selaram o destino deles. A discussão mereceu maturidade, pesquisa e busca de informações por parte de alguns vereadores. Outros optaram pelo conforto do voto político. Estivemos bem perto de mudar a história e dar exemplo de luta contra a violência. Mas ficamos apenas no “bem perto”. Mais uma derrota. Dos animais que perderão a vida em rituais cruéis, dos protetores que não conseguem, através das leis, o suporte necessário para defenderem esses animais e da sociedade que continuará a conviver com essa violência velada. Uma nova lei contra maus tratos, agora de autoria do Executivo, será votada. Os nobres edis continuarão a votar contra os animais? Uma lei contra maus tratos que não poderá atingir os ritos religiosos, seus “despachos” e cruéis sacrifícios faz sentido? Qualquer cidadão cruel poderá justificar a violência contra um animal alegando ser “um rito religioso”? E uma abordagem ou averiguação com base na lei poderá ser chamada de “intolerância religiosa ou racial”? Só o tempo nos mostrará as consequências desta votação. Pobres animais que dependem de leis. Pobres de nós, humanos, que abrimos mão dos valores e virtudes e agora precisamos recorrer às leis para nortear nossa conduta. Se não fizermos o caminho de volta à nossa natureza pacífica, em pouco tempo, não defenderemos nem a nós mesmos da maldade humana. (Miriam Miranda é presidente da ONG Vira Lata Vira Vida)

PL 202/10 - O teor original do Projeto de Lei 202/2010 combinava perfeitamente com o autor da proposta, vereador Laércio Trevisan Júnior: era equivocado, arrogante e cheio de preconceito contra as religiões de matriz africana. Ao contrário do que pensam os defensores dessa triste iniciativa, da forma como foi proposto (sem consulta prévia à comunidade religiosa interessada), o PL 202/2010 foi sim um instrumento para fomentar a perseguição religiosa na cidade. Se esse PL tivesse sido aprovado, estaria escancarada a porta para que outros municípios se "inspirassem" nele. Laércio Trevisan Júnior mexeu em vespeiro e fez com que Piracicaba ficasse conhecida como cidade racista e preconceituosa. Eu estive na Câmara e acompanhei tudo do lado de fora praticamente até o final. Era meu o único cartaz de protesto visto ali, onde se lia: "Liberdade de Crença Já!". Felizmente, prevaleceu um mínimo de bom senso dos vereadores e o veto proposto pelo prefeito Barjas Negri foi acatado. Ganham a liberdade de crença e a cidadania! (Professor Michel)

http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=7817

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