JOSIELI ARAÚJO
Do Diário Online/Rondonópolis
Todos os meses, cerca de 250 cães e gatos são mortos no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Rondonópolis. Em geral, são animais que foram abandonados por seus donos, sadios ou com alguma doença que poderia ser tratada. A cada dia, em média 20 cachorros são deixados no CCZ. Por mês, este número gira em torno de 400 cães que, junto com os felinos que são levados para lá, passam a ter os dias contados e o mesmo fim: a eutanásia.
Em Rondonópolis, a Lei Municipal nº 6.049, aprovada pela Câmara de Vereadores e promulgada em dezembro de 2009, restringe a realização da eutanásia; com exceção dos casos em que não há cura, para aliviar o sofrimento do animal. Ainda assim, antes tem que ser emitido laudo assinado por dois veterinários, um do CCZ e outro de uma entidade de proteção dos animais. A lei, no entanto até hoje não foi regulamentada pela prefeitura.
Enquanto a cidade não tem uma política de proteção aos animais, eles continuam sendo tratados apenas como um problema de saúde pública, devido ao fato de ser hospedeiros de doenças que podem ser transmitidas ao homem. O caso mais grave é o da leishmaniose, que pode ser passada para o ser humano por meio da picada do mosquito flebótomo (ou palha), depois que o inseto pica um animal contaminado pela doença.
Nos animais, a leishmaniose tem tratamento, mas não tem cura (o animal continua sendo hospedeiro e passando a doença). Por este motivo, nos casos em que há o diagnóstico da leishmaniose, a determinação é que o animal seja morto, por meio da eutanásia (método que não provoca dor). Em média, 20% dos animais que são abandonados no CCZ de Rondonópolis apresentam os sintomas desta doença. A maioria não apresenta.
O médico veterinário Marcelo de Oliveira, que trabalha no CCZ, revela que os animais deixados no Centro de Controle de Zoonoses são avaliados e, os que estão doentes, são mortos – independentemente de qual seja a doença, curável ou não. O CCZ informa que não tem recursos para tratar dos animais doentes e também não possui espaço suficiente para abrigar todos os cães e gatos que são abandonados no local.
Cães e gatos saudáveis que chegam ao CCZ são colocados para adoção, mas, em função do baixo índice de pessoas que adotam estes animais e da proximidade com outros animais doentes que são levados para o local, eles contraem essas doenças e, no máximo em 15 dias, também acabam sendo mortos. As exceções são os raros casos de adoções e as parcerias com entidades de amparo aos animais, que acabam ajudando a conseguir um lar para alguns destes bichos.
INCINERAÇÃO – Os animais doentes mortos no CCZ recebem o mesmo tratamento dado ao material biológico proveniente dos hospitais, conforme recomendação da Vigilância Sanitária. Em Rondonópolis, uma empresa de Goiás foi contratada para recolher e incinerar tanto resíduos hospitalares como animais que passam por eutanásia. O custo para o município para se desfazer dos animais mortos é de R$ 2,30 por quilo a ser transportado.
CCZ - Ligado à Secretaria Municipal de Saúde, o CCZ tem a função de detectar e manter sob controle as doenças entre os animais. Segundo o médico veterinário do Centro, frequentemente são elaboradas campanhas educativas, para que os donos cuidem de seus animais de estimação e os protejam de doenças. “O problema é que as pessoas não querem gastar dinheiro para tratar dos animais e os abandonam quando eles ficam doentes”, observa Marcelo.
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