Rio de Janeiro, 1º de março de 2010 – Uma nova proposta para legalizar a caça comercial de baleias busca a aprovação mundial e poderá causar o sofrimento de milhares de baleias. Essa proposta, publicada por um grupo de trabalho da Comissão Internacional da Baleia (CIB) na terça-feira (23 de fevereiro), será alvo de discussão por membros da CIB durante reunião especial, que acontecerá na Flórida, EUA, nos dias 2 e 3 de março.
Parte das negociações em andamento para decidir o papel e o direcionamento da CIB no futuro, o “acordo” busca fornecer quotas de caça comercial de baleias para o Japão, a Noruega e a Islândia a partir de novembro de 2010, derrubando efetivamente a proibição internacional da caça comercial, que existe há 24 anos.
A WSPA (Sociedade Mundial de Proteção Animal) condena totalmente tal proposta, ressaltando que ela falha em reconhecer o problema fundamental sobre a caça comercial de baleias: que ela é inerentemente desumana.
Claire Bass, a Gerente do Programa de Mamíferos Marinhos da WSPA, disse:
– A CIB ainda está falando sobre baleias como “estoques” inanimados e está esquecendo que elas são animais sencientes, que sofrem uma dor excruciante quando atingidas por arpões explosivos. Tanto governos quanto a opinião pública mundial aceitam que temos a responsabilidade de proteger os animais de sofrimento desnecessário. É hora de a CIB acordar para essa realidade e parar de tentar ressuscitar essa indústria arcaica e moribunda.
A proposta está repleta de inconsistências, como ao manter a moratória ao mesmo tempo em que permite a caça comercial; ou ao criar novos santuários de baleias ao mesmo tempo em que permite a caça nos já existentes. Numa tentativa de agradar aos três países que obstinadamente persistem na caça, certamente irá desagradar as muitas nações-membro da CIB que esperam ver a Comissão protegendo as baleias, e não a caça.
Claire continuou:
– Talvez o mais extraordinário dessa proposta é que ela sugere que custos adicionais consideráveis para o monitoramento e gerenciamento dessas operações de caça devem ser pagos por todos os membros da CIB. É difícil imaginar pessoas que pagam seus impostos em locais como Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia estando felizes ao saber que estão financiando a caça comercial de baleias.
O governo da Austrália irá fazer uma proposta alternativa na reunião, o que garantiria um fim permanente para a caça comercial e “científica”, por meio de uma suspensão gradual da caça dentro de um cronograma razoável.
– A WSPA parabeniza o governo da Austrália por sua proposta visionária e holística no sentido de garantir um futuro tanto para as baleias quanto para a CIB. Acreditamos que tal proposta ofereça às nações que caçam uma oportunidade de respeitosamente desligar a máquina dessas indústrias arcaicas, não lucrativas e moribundas. Estaremos trabalhando duro na Flórida para derrubar esse acordo perigoso da CIB e, em vez disso, promover apoio mundial à proposta da Austrália – concluiu Claire.
Notas:
A proposta na íntegra está acessível no website da CIB: http://www.iwcoffice.org/_documents/commission/future/IWC-M10-SWG4.pdf
Nos últimos vinte anos as nações baleeiras mataram, juntas, mais de 25.000 grandes baleias.
A WSPA é parte da Whalewatch, uma rede mundial de 50 organizações não-governamentais, unidas pela oposição em comum à caça de baleias em razão do bem-estar.
A Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) é a maior federação de organizações de bem-estar animal. Através de parcerias com mais de mil ONGs afiliadas em 156 países, lutamos para criar um mundo onde o bem-estar animal importe e os maus-tratos contra os animais tenham fim. Apoiamos e desenvolvemos campanhas públicas, trabalho legislativo, projetos com embasamento científico e iniciativas inovadoras em educação. Com nossas afiliadas, governo e agências internacionais, também auxiliamos animais em regiões afetadas por desastres.
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