JOE DRAPE - Do New York Times
Ernie Paragallo, um conhecido criador e proprietários de cavalos puro sangue nos Estados Unidos, foi considerado culpado de 33 acusações de crueldade contra animais, na manhã de quarta-feira, por ter negligenciado os cavalos que mantinha em sua fazenda no vale do rio Hudson, e permitido que passassem fome.
O juiz George Pulver Jr. chegou ao veredicto, em um julgamento realizado sem júri, depois de ouvir depoimentos de veterinários e de trabalhadores de organizações de resgate de animais sobre as condições precárias em que sobreviviam muitos dos 177 cavalos abrigados na Fazenda Center Brook, de Paragallo, em Climax, Nova York, cerca de 32 quilômetros ao sul da capital estadual, Albany.
Em depoimento gravado em vídeo pela polícia estadual de Nova York pouco depois de uma batida em sua fazenda, em abril de 2009, e submetido como prova durante o julgamento, Paragallo reconheceu seus erros na administração da fazenda.
"Não vou negar; se quiserem me encarcerar, talvez seja justo", ele afirmou. "Quer seja minha culpa, quer não seja, tudo isso realmente aconteceu, e a responsabilidade é minha".
Ele agora pode ter de enfrentar sentença de prisão de até dois anos e multas de até US$ 33 mil. Paragallo continua livre, sob fiança, e será sentenciado no dia 18 de maio. O advogado do acusado, Michael Howard, anunciou que apelaria da decisão.
A Sociedade Humana de Columbia-Greene e a Sociedade de Prevenção da Crueldade Contra Animais, que auxiliaram os grupos de resgate envolvidos no caso, encontraram novos proprietários para 96 dos animais. Seis deles estavam doentes demais para que fosse possível salvá-los, e por isso foram sacrificados.
Ron Perez, presidente da sociedade de prevenção, elogiou o promotor público Terry Wilhelm por ter apresentado o caso de forma a deixar patente a negligência criminosa de Paragallo.
"O veredicto foi bom, e servirá como precedente para outros casos de crueldade contra animais em todo o país", afirmou.
A batida na fazenda e a subsequente detenção de Paragallo, em abril do ano passado, causaram choque no mundo da criação de cavalos puro sangue, e conscientizaram muitos observadores quanto à situação precária dos cavalos de corrida envelhecidos, especialmente no Estado de Nova York.
Desde que o casou estourou, novos centros para abrigar animais velhos foram criados, entre os quais o Old Friends, em Cabin Creek Farm, perto de Saratoga Springs, Nova York. Na semana passada, o comando nacional da sociedade de prevenção da crueldade contra animais anunciou que doaria US$ 1 milhão para ajudar nas atividades de seis grupos que se dedicam ao resgate de cavalos de corrida.
Em Nova York, foram adotados regulamentos mais severos, para impedir que os turfistas cometam atos desumanos contra seus cavalos. Em dezembro do ano passado, a Associação de Turfe de Nova York anunciou que expulsaria, e proibiria que concorresse nos hipódromos que ela administra, qualquer proprietário ou treinador que venda seus cavalos para abatedouros.
Paragallo era uma figura conhecida no mundo do turfe de Nova York, tendo inscrito 4.686 animais para corridas no Estado e faturado US$ 20,6 milhões em prêmios. Ele também é dono de metade dos direitos de Unbridled¿s Song, um dos mais bem sucedidos garanhões no mundo dos puros sangue de competição; o animal recebe US$ 100 mil por cruzamento.
O Conselho de Turfe e Apostas Hípicas de Nova York forçou Paragallo a devolver sua licença pouco depois do indiciamento; suas filhas Kristen e Jennifer também perderam suas licenças como proprietárias, e a maior parte dos animais do haras da família foram vendidos.
O episódio também mudou a forma pela qual o fundo estadual de fomento à criação de puros sangues é gerido. Em 2009, o fundo concedeu US$ 6,3 milhões em prêmios a criadores e outros US$ 2,4 milhões em prêmios a proprietários de garanhões. Paragallo havia recebido centenas de milhares de dólares do fundo em anos anteriores.
John Sabini, o presidente do conselho de turfe, também preside o fundo de fomento. Ele adotou normas severas de inspeção para os 400 haras inscritos no programa.
"Os cavalos de corrida - quer estejam em treinamento, aposentados das pistas ou correndo ativamente em nossos hipódromos - precisam ser tratados devidamente, de acordo com as leis do Estado de Nova York", afirmou Sabini em comunicado.
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