Brasil vai propor medida para o pau-rosa, presente na região amazônica.
Pesca do atum-vermelho deve ser o tema mais polêmico.
Do Globo Amazônia, em São Paulo*
Os 175 membros da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Silvestres (Cites, na silga em inglês), reúnem-se a partir deste sábado (12) em Doha, no Catar, para negociar novas medidas de proteção à biodiversidade, e a expectativa é de que os 13 dias do evento sejam marcados por polêmica entre os participantes.
O Brasil também estará representado, e deve propor maior proteção à espécie Aniba rosaeodora Ducke, conhecida como pau-rosa. A proposta é que a variedade seja incluída no Apêndice II da convenção, destinado a espécies que não estão ainda com alto risco de extinção, mas que podem vir a correr perigo se não houver maior controle sobre seu comércio.
Trata-se de uma árvore de grande porte que pode atingir até 30 metros de altura e é procurada pela qualidade de seu óleo, utilizado como fixador de perfumes.
O pau-rosa vem tendo suas populações naturais nos estados do Pará, do Amapá e em grande parte do estado do Amazonas, reduzidas por causa da intensa exploração, a regeneração lenta e o comércio externo, argumentará o Brasil na conferência, segundo informações do Ministério do Meio Ambiente.
Atum
Até agora, a Cites era mais conhecida pelas medidas adotadas para restringir o comércio de espécies “simpáticas” como os grandes felinos, os símios e os elefantes. Mas, pela primeira vez, uma espécie marinha - o atum-vermelho (Thunnus thynnus) - estará no papel de protagonista.
Além do atum-vermelho, pescado para fazer sushi, os elefantes perseguidos pelo marfim e a criação de tigres na China para a medicina tradicional encabeçam a agenda da conferência.
Apesar das cotas impostas pelos próprios produtores, a pesca intensiva tem reduzido consideravelmente as reservas de atum, fazendo-as despencar em até 80% no Mar Mediterrâneo e no Atlântico Ocidental desde 1970.
Graças a Mônaco, Estados Unidos e União Europeia (UE), cresce a pressão para que este peixe seja incluído no Apêndice I da lista da Cites (este sim, voltado para as espécies mais ameaçadas), somando-o a animais célebres, como o gorila-das-montanhas e o leopardo-da-neve. A indústria pesqueira tem sido responsável por manter reservas de atum vermelho desde os anos 60. Ainda assim, as populações desta espécie têm caído ano a ano.
Japão
O Japão, o principal mercado do atum-vermelho, se opõe radicalmente à sua proibição e está tratando de bloquear os dois terços de votos necessários para que a proposta seja aprovada. O país também ameaçou ignorar a proibição, caso ela passe.
Outras espécies marinhas terão eventual inclusão no Apêndice II estudada. Estas abrangem oito espécies de tubarão, bem como os corais vermelho e rosado, cobiçados pelos joalheiros.
Tanzânia e Zâmbia, que apresentaram uma moratória de nove anos sobre o comércio do marfim depois de uma venda maciça de reservas por outros quatro países africanos, em 2008, se comprometeram a fazê-lo novamente. China e Japão, os principais mercados para as presas de elefante, provavelmente apoiarão a medida.
África
Mas dezenas de outros países africanos, com o provável apoio da Europa, tentarão estender a proibição a 20 anos. Diferentemente de muitos fóruns de negociação das Nações Unidas, o alinhamento dos interesses nacionais pode evoluir de uma proposta para outra.
Estados Unidos e Europa veem o atum como uma causa comum, mas não estão de acordo, por exemplo, quanto ao urso polar, caçado legalmente pelos povos indígenas do Ártico, que com frequência vendem a pele do animal. Os Estados Unidos pediram que a espécie fosse incluída na lista do Anexo I.
A China, por sua vez, estará na posição de acusado em várias situações. O fórum examinará uma resolução destinada a condenar a criação de tigres, praticada unicamente na China. O país mais populoso do mundo também é um importante mercado para o marfim e as barbatanas de tubarão.
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